Título: Último Turno
Autor: Stephen King
Gênero: Suspense, Thriller, Mistério
Ano: 2016
Páginas: 344
Editora: Suma
Classificação Indicativa: +16
Minha Nota: 4 ★
Sinopse: Algo despertou no quarto 217 da Clínica de Traumatismo Cerebral. Algo maligno.
É o quarto de um criminoso, velho conhecido de Bill Hodges, que estava há cinco anos em estado vegetativo; segundo os médicos, qualquer coisa perto de uma recuperação completa era improvável. Porém, sob o olhar fixo e a imobilidade, ele está acordado. E está descobrindo forças que podem permitir que ele realize grandes feitos sem precisar sequer deixar a cama de hospital.
Quando Bill Hodges e Holly Gibney são convocados para investigar um suicídio que tem ligação com um caso antigo, começam a perceber que tudo aquilo que parecia resolvido pode retornar ainda pior. Um assassino está de volta e, desta vez, vem com tudo.
É sobre a forma como algumas pessoas jogam fora o que outros venderiam a alma para ter: um corpo saudável e sem dor. E por quê? Porque estão cegos demais, traumatizados demais ou voltados demais para si mesmos para ver além da curva escura da Terra até o próximo nascer do sol. É só continuar respirando.
Stephen King. Se querem saber a minha opinião sincera acerca deste autor, é só reler o seu sobrenome… Rei do horror, do sobrenatural e do fascínio. Mestre em nos deixar chocados com a sua narrativa crua, visceral e inconfundível.
Digo que, apesar desse livro ser um pouco diferente do que costuma escrever, sua capacidade de nos cativar e nos inserir totalmente na história, aqui, não tem nada de diferente. King continua sendo o Rei nessa arte.
Pode conter spoilers a partir daqui.
Último turno, ao que o título já nos remete, trata-se do último volume da trilogia Bill Hodges, o nosso detetive aposentado responsável por capturar o famoso Assassino do Mercedes.
Começamos o livro com Bill Hodges e sua companheira e sócia Holly Gibney trabalhando na Achados e Perdidos. Enquanto continuam a vida e Hodges, paralelamente, se preocupa com outros assuntos, o detetive recebe um telefonema de seu antigo parceiro para que ele o ajude a desvendar a cena de um crime, eis que a vítima do caso atual era Martine Stover, uma vítima do assassino do Mercedes.
Em meio a cena misteriosa do crime, Hodges é atraído novamente a Brady Hartsfield, o Assassino do Mercedes, que segue em estado vegetativo. Muitas das pessoas que trabalham no local onde Brady está hospitalizado dizem que o assassino pode fazer coisas com o poder da mente e outras dizem que Brady não tem mais salvação e que seu cérebro está muito danificado. Com essa dúvida em mente, Hodges corre contra o tempo para desvendar os estranhos acontecimentos que parecem sempre levar o detetive até Brady.
O final de “Achados e Perdidos” já nos entregava a pista do que poderia estar por vir em “Último Turno”. Mas confesso que não era o que eu esperava, o que foi bom e ruim ao mesmo tempo.
Minha única crítica se dá à solução apresentada para o retorno do vilão. Mesmo sabendo que King gosta de nos desafiar e inserir o sobrenatural em suas histórias, eu, particularmente, não gostei deste retorno – esperava outra coisa, dado o final do livro anterior. Porém, mesmo eu não sendo uma grande entusiasta deste determinado fato ocorrido, Stephen escreve tão genialmente e amarra tão bem as pontas de suas histórias, que a narrativa não teve prejuízo algum. Continuei adorando e devorando o livro mesmo assim. É esse o tamanho do talento desse homem. Você acaba gostando até do que não gosta (reizinho mesmo, não é?).
No mais, a escrita, a narrativa e a condução da história são incríveis. Você fica tão envolvido na história que quer apenas devorar o livro todo e descobrir o que vai acontecer a seguir (como prova, eu li quase 150 páginas em um dia só).
O livro traz uma crítica velada de King à sociedade e como tratamos uns aos outros, incluindo na narrativa a temática do suicídio – que é ao redor do que gira a maior parte da trama. É interessante, pois se você está acostumado a ler livros do Stephen King, espera que haja criaturas sobrenaturais e monstros terríveis. Nesta história, descobrimos que os verdadeiros monstros são os seres humanos e suas palavras, que muitas vezes têm uma dimensão da qual não fazemos ideia.
O desfecho foi uma despedida à altura da trilogia. Senti verdadeiramente que estava dando adeus a grandes amigos meus, de tão imersa e cativada pela história e pelos personagens. Essa trilogia é certamente (mais) um grande acerto de Stephen King.
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