Título: Outsider
Autor: Stephen King
Gênero: Terror, Suspense, Mistério
Ano: 2018
Páginas: 520
Editora: Suma
Classificação Indicativa: +16
Minha Nota: 5 ★ + ❤
Sinopse: O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade - Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas.
O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido.
Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara? A aterrorizante resposta é o que faz desta uma das histórias mais perturbadoras de Stephen King.
Simples. Também existe uma força do bem no mundo. Essa é outra coisa que acredito. Em parte para não ficar maluca quando penso em todas as coisas horríveis que acontecem [...] Não só aqui, mas em toda parte. Existe uma força que tenta restaurar o equilíbrio. Quando os sonhos ruins vierem, Ralph, tente se lembrar...
Atenção: Outsider contém spoilers da trilogia de Bill Hodges e, principalmente, do final desta. Se ainda não leu e pretende ler, aconselho fazê-lo antes de ler Outsider. Caso já tenha lido e queira relembrar a história, clique aqui e leia a resenha do último livro da trilogia: Último Turno.
Outsider começa com um crime horrível e brutal. O detetive do caso, Ralph Anderson, e o promotor público têm plena convicção, pelas provas e testemunhos reunidos, de que o culpado é Terry Maitlnd, treinador da Liga Infantil de Beisebol da cidade. Aflitos de que o suspeito cometa outro crime parecido enquanto estiver solto, o detetive e o promotor público não poupam tempo e realizam a prisão do treinador de forma rápida e bastante pública.
Terry é uma pessoa extremamente conhecida na cidade. Com uma reputação impecável e aparentando completa normalidade, era adorado por seus alunos e ex-alunos e tinha também a simpatia dos pais destes.
Durante o interrogatório, ao mesmo tempo em que as provas periciais definitivas apontam o DNA de Terry presente na cena do crime, o treinador alega ter um álibi. Incapazes de discutir com uma prova pericial como o DNA do treinador na cena do crime, o caso parece resolvido para o detetive e o promotor público, que prosseguem com a prisão.
E é aí que nós ficamos com a dúvida: o que está acontecendo? Como uma pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?
Com uma inspiração clara no conto "William Wilson" de Edgar Allan Poe, King nos entrega Outsider. Vale ressaltar que não é necessário ter lido o conto para entender a história de Stephen King. Este último nos trouxe os mesmos elementos do conto de Poe, mas com a originalidade e riqueza características.
King me prendeu neste livro desde a primeira página. Sendo sincera, desde a sinopse. Sim, eu achei incrível. Li 500 páginas como se não fossem nada. O livro flui muito bem, os acontecimentos deixam a sua curiosidade tão aguçada que você só quer virar página atrás de página até que o mistério se solucione. Stephen King é um mestre em nos fazer mergulhar em suas histórias. Em diversos momentos (o livro inteiro) eu senti como se estivesse assistindo a um filme, de tão imersa na narrativa e presa no enredo e de tão magistral o modo como o autor consegue construir o mistério e o suspense.
O estilo de escrita de Stephen King geralmente não agrada a todos: uma narrativa um pouco mais lenta e detalhista. Aqui, temos uma narrativa mais rápida, uma grande entrega de informações e um ritmo constante e frenético que se mantém pelo livro todo. Não há, em Outsider, um momento do livro que você gostaria que fosse mais rápido, ou aquela parte em que a história empaca. Simplesmente as coisas continuam a acontecer num ritmo incrível e viciante. Os capítulos são curtos e não, não adianta dizer "só mais esse capítulo"... você lerá mais uns 5 até conseguir largar o livro porque precisa ir dormir.
De todo modo, apesar de mais acelerada, a escrita de King não sofre nenhum prejuízo. O autor continua nos entregando todos os detalhes possíveis e imagináveis e que, na minha opinião, fazem toda a diferença. Outsider não faria tanto sentido e também não teria o impacto pretendido se não fosse assim. Eu absorvi cada detalhezinho e ainda queria mais.
Outra coisa que me agradou extremamente e que eu preciso dizer é: eu amo quando meus atores favoritos interagem, seja por aparições em seus livros ou interações feitas aqui no mundo real. Em Outsider, Stephen King acalentou meu coração de fã colocando ninguém mais, ninguém menos que ele: Harlan Coben, como centro de um dos acontecimentos mais importantes do livro. Quando li, tive que perturbar minha família dizendo: "olha isso aqui, olha quem tá aqui". Tive que esperar a euforia passar para conseguir continuar a leitura, rs.
A inclusão dos personagens da trilogia de Bill Hodges em Outsider foi feita de forma genial. Foi incrível poder matar a saudade de personagens e da trilogia. Achei o que o crossover das histórias fez total sentido - até por ambas seguirem o mesmo estilo de investigação policial - e foi muito bem feito e muito natural. Foi um grande acerto.
No mais, a narrativa e escrita impecáveis de Stephen King fizeram de Outsider o meu mais novo preferido do autor. Acho que, mais do que a própria história e enredo em si, King nos traz uma reflexão importantíssima com este livro: até onde podemos ir para tentar explicar o inexplicável? E isso é o mais incrível desse livro. Ele brinca com o nosso conceito de racionalidade, de realidade, de sobrenatural e do possível e impossível.
Entende-se que o propósito de King com Outsider não era apenas nos entregar uma história de suspense policial cheia de ação e reviravoltas. Mas sim nos fazer entender que talvez o impossível seja sim possível e, principalmente, acreditar. Terminamos acreditando, mais do que nunca, que não há um fim para o universo. E isso é tudo o que precisamos saber.
Perfeito resumo da obra, no mínimo empolgante e instigante. Com certeza já faz parte da minha lista. Parabéns pela resenha!!!